sábado, 24 de novembro de 2012

#7 – Ponto para o acaso.



Ninguém é ruim por completo, ou bom por inteiro. Às vezes a gente só se adapta as necessidades da vida e as atitudes que eu posso tomar para ser feliz pode te deixar triste, ou o contrário. Talvez devêssemos exercitar um pouco mais da nossa empatia, antes de julgar as atitudes tomadas por alguém.
Damian acordou como se tivesse se afogando, assustado, todo suado. Levantou-se, deu uma respirada e por um momento esqueceu os seus dilemas. Tomou café, e ficou perambulando pelo pátio pensando. Lembrou que já se passou um tempo e seus pais nem vieram o visitar. Provavelmente eles o aceitariam de volta em casa, mas seria bem diferente. Principalmente o tratamento dos seus parentes para com ele, que já não era dos melhores. Enquanto estava nesse pensamento, ele foi abordado por um rapaz que era um tipo de capanga do Diogo. Ele o chamou para ir até o outro lado daquele lugar para falar com o Diogo, apesar de não está muito disposto, Damian se dirigiu até o local, afinal, era melhor não desafiar o chefão milionário do lugar. Quando foi chegando ao local, avistou Diogo, sentado na calçada rabiscando algo no chão com um graveto. Quando ele notou Damian vindo em sua direção prontamente levantou-se e esperou ele chegar com um olhar de admiração. Os dois ficaram frente e frente e Diogo não dizia nada, apenas admirava o Damian como se ele fosse uma obra de arte ou outra coisa. Depois de alguns segundos Diogo tocou no ombro de Damian e perguntou o que ele estava achando da estadia por ali. Damian respondeu
- Um pouco entediante, mas de certa forma tenho achado formas de me ocupar.
Diogo riu, pois sabia do acontecido do outro dia. Aliás, todos sabiam e isso aumentou bastante a sua reputação de “bad boy”. Mas voltando ao momento. Diogo disse.
- Bom cara, você já deve ter ouvido falar de mim, então eu não preciso me apresentar. Mas eu acho que você está se perguntando por que eu te chamei aqui. Vamos para dentro, que tem um pouco mais de privacidade.
Dizendo isso, ele levou Damian para dentro do quarto onde ele ficava, deixando seus “capangas” do lado fora, e voltou à conversa.
- Eu tenho ouvido falar muito sobre você e seus atos, e passei a ser mais um admirador seu, por isso acho que você encaixa-se perfeitamente no que eu tenho em mente. Diga-me Damian, você quer sair daqui o quanto antes não quer?
- Quero sim. Respondeu prontamente Damian esperando que ele dissesse que estava planejando uma fuga ou algo do tipo. Diogo continuou.
- Ótimo! Tomei a liberdade de “fuçar” a sua ficha e percebi que você realmente matou alguém, e pelo que você diz não foi a sua primeira morte, e ainda parece estar pronto para mais outras. Eu quero que você saia daqui ainda nesse mês e faça um trabalho pra mim. Por mim, eu mesmo faria, ou algum dos meus contatos lá fora, mas a polícia logo me descobriria e o plano daria errado.
Damian tentando entender perguntou.
- Você não vai sair junto comigo?
- Não, respondeu ele. Veja bem, eu tenho alguns problemas com meu pai e com o dinheiro dele. Apesar de ser muito rico ele me deixa viver como um mendigo, aliás, por conta desse descaso dele eu estou aqui. Pessoas bem de vida não vão parar em instituições corretoras. Eu não deveria está aqui, eu deveria está numa bela casa ou dirigindo um belo carro com um monte de belas mulheres. Mas meu pai não gosta de mim, ele já não gostava, e agora que eu tentei fazer justiça ele me odeia mais ainda, quando eu sair daqui não terei um lar.  Você vai sair daqui, seus registros serão apagados. E ai você será encaminhado por alguns amigos meus até a casa do meu pai. Lá você receberá uma arma para matá-lo, depois que o fizer você irá ganhar algum dinheiro para iniciar uma vida nova aonde quiser. Com meu pai morto, eu vou sair daqui, e vou assumir toda a grana. É bem simples. O que você acha?
Nesse momento Damian parou. Não havia hipótese alguma de ficar ali, mas também não havia hipótese alguma de matar Alguém. Caso vocês tenham esquecido, Damian nunca matou ninguém, nem ao menos sabe usar uma arma. Não sabia o que dizer. Claro que a resposta prática para a ocasião seria um não, mas ele estava tão saturado de ficar ali...
Damian não poderia apenas desperdiçar aquela que seria sua única chance de sair daquele lugar e ainda ter uma vida nova...

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